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Em Porto Alegre, Cogef discute o futuro da gestão fiscal diante da reforma tributária

Abertura do evento contou com palestras da secretária Pricilla Santana e do subsecretário adjunto da Receita Giovanni Padilha

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Secretária da Fazenda palestrou na abertura de evento que reúne gestores fiscais de todo o Brasil
Secretária da Fazenda palestrou na abertura de evento que reúne gestores fiscais de todo o Brasil - Foto: Semana Fazendária/Divulgação
Por Ascom Sefaz

A secretária da Fazenda, Pricilla Santana, abriu nesta terça-feira (7) os debates da 65ª reunião da Comissão de Gestão Fazendária (Cogef), que ocorre no Átrio do Farol Santander, em Porto Alegre como parte da Semana Fazendária. O encontro, que se estende até quarta-feira (8), estimula a troca de ideias e a cooperação entre representantes dos estados, municípios e da União, com foco em projetos ligados à inovação e ao futuro da administração fiscal - com atenção especial às mudanças previstas na Reforma Tributária do Consumo (RTC).

“Meu convite é que a Cogef assuma uma posição de centralidade na construção da nova gestão fiscal a partir da reforma tributária. Estamos diante de uma grande transformação fazendária no Brasil. Deixamos de discutir apenas os estados para discutir o país como um todo. Precisamos caminhar juntos. O IBS representa uma nova fronteira, que deve ser abraçada por todos. Conto com vocês para desenharmos o coração fiscal do Brasil”, pediu Pricilla.

Para a gestora, o caráter estruturante da RTC, que impactará o cotidiano de todos os fiscos, impõe aos entes federados a reorganização da sua atuação. Por conta disso, segundo ela, será fundamental a execução de um trabalho cooperativo entre os entes federativos na criação dos novos sistemas e na implantação de ações de fiscalização e contencioso. De acordo com Pricilla, a RTC deve fortalecer ainda mais o pacto federativo.  

“Nossa entrega de valor à sociedade brasileira depende da construção de um sistema justo, capaz de atender às necessidades do povo. É fundamental, por exemplo, incorporar modelos preditivos que permitam prevenir a sonegação e a elisão fiscal no futuro IBS. Esse é mais um pedido que deixo aqui para esse colegiado discutir”, acrescentou.

Segundo Cristina MacDowell, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a RTC abre uma janela de oportunidade para rever o papel das secretarias da Fazenda e adotar modelos modernos e eficientes de gestão pública.

“É uma chance de os estados refletirem sobre como gerar mais valor para o cidadão. A Cogef é um fórum capaz de cocriar ações para levar os temas de gestão das secretarias ao novo contexto da reforma e fortalecer a cooperação federativa”, afirmou.

O presidente da Cogef, Cristovam Cruz, ressaltou a importância de realizar a reunião em Porto Alegre, pouco mais de um ano após a maior tragédia climática da história do Estado.

“Estamos muito felizes por sediar um dos encontros mais relevantes do colegiado em um estado símbolo de resiliência e reconstrução. Essa força nos inspira a enfrentar os desafios da gestão fazendária, que serão grandes com a chegada da reforma tributária, mas plenamente superáveis. Temos capacidade para implementar um novo modelo fiscal no país”, avaliou.

Reforma e cashback

Na palestra magna do evento, o subsecretário adjunto da Receita Estadual Giovanni Padilha reforçou a importância das mudanças sacramentadas pela Emenda Constitucional 132, aprovada no final de 2023, que deu origem ao futuro Imposto sobre Valor Agregado Dual (IVA Dual). Ao fazer um resgate histórico da evolução da tributação sobre o consumo no mundo, Padilha lembrou que o Brasil se soma agora a mais de 170 países que já adotam o modelo de IVA moderno – considerado um avanço em relação ao IVA convencional, criado na Europa no início do século XX.

“O IVA moderno, adotado pela reforma, se diferencia pela simplificação da tributação e por reduzir significativamente as brechas para gastos tributários e isenções. Isso torna o imposto mais eficiente e contribui para a formação de um ambiente econômico saudável e sem distorções”, explicou Padilha, que integra o corpo técnico do Pré-Comitê Gestor do IBS.

Giovanni Padilha detalhou o perfil do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e funcionamento do cashback da RTC
Giovanni Padilha detalhou o perfil do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e funcionamento do cashback da RTC - Foto: Semana Fazendária/Divulgação

Ele também ressaltou o ganho de produtividade esperado com a reforma, que prevê a desoneração das exportações e o fim da cobrança cumulativa de impostos ao longo da cadeia produtiva. Segundo o gestor, a mudança simplifica e reduz os custos de gestão tributária das empresas, tornando o sistema mais transparente e ágil, especialmente no cálculo e na devolução dos créditos acumulados pelos contribuintes.

Um dos principais desafios do IVA Dual é seu caráter regressivo, que incide igualmente sobre famílias de diferentes faixas de renda. Para corrigir essa distorção, a reforma prevê a criação de um sistema de cashback, que devolverá parte do imposto pago pelas famílias de menor renda diretamente na fatura de consumo. O modelo foi inspirado no programa Devolve ICMS, criado em 2021 pelo governo do Rio Grande do Sul — iniciativa que Padilha ajudou a idealizar e que já apresenta resultados positivos no Estado.

“O cashback é a forma mais eficiente e justa de corrigir uma distorção natural do IVA, que é a uniformidade da cobrança sobre diferentes camadas sociais. A devolução garante justiça tributária ao restituir o imposto de forma focalizada. O sucesso do Devolve ICMS comprova a viabilidade dessa política pública”, concluiu Padilha.

Texto: Ascom Sefaz

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