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Secretaria da Fazenda completa 134 anos com resgate de sua memória

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Cores originais dos prédios da Sefaz serão recuperadas - Foto: Robson Nunes/Ascom Sefaz

Restauro dos prédios que sediam a secretaria prevê recuperação das fachadas e dos pórticos, mantendo técnicas construtivas originais

 

Esta quinta-feira (21) marca o aniversário de 134 anos da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). E, mais do que comemorar com seus servidores, a instituição quer oferecer um presente à sociedade gaúcha: uma oportunidade de olhar para sua história. Está em andamento o restauro dos prédios que sediam a Sefaz, conjunto de importância arquitetônica e histórica para o Centro de Porto Alegre. O trabalho preservará a característica original dos edifícios entre a Avenida Mauá e a Rua Siqueira Campos, cuja construção foi finalizada na década de 1950.

Quem circula pelo entorno do Casarão percebe o andaime, o canteiro de obras e o vai-e-vem de funcionários. O serviço, que tem investimento de R$ 8,3 milhões com recursos do Estado, envolve a restauração de todas as fachadas, inclusive as internas, e dos pórticos existentes entre os dois edifícios. Os revestimentos, ornamentos e esquadrias serão recuperados e pintados.

Para se ter uma ideia da dimensão do serviço, serão 578 janelas restauradas – 16 já foram retiradas. Os funcionários, que atuam em uma espécie de ateliê em um canteiro de obras, descascam todas as camadas prévias de pintura (até chegar na madeira), fazem pequenos reparos e depois preparam a janela para receber nova cor. Atualmente, cerca de 20 pessoas atuam em diferentes frentes.

“É uma atividade muito detalhista e de grande extensão”, explica o chefe da Seção de Infraestrutura do Departamento de Administração (Depad), Guilherme Puglia, responsável pelo andamento do serviço na Sefaz.

A recuperação, feita pelo Estúdio Sarasá Conservação e Restauro, terá duração de dois anos, com previsão de conclusão para o início de 2026. Mas, muito antes disso, já será possível perceber mudanças: “Como trabalharemos fachada por fachada, já poderemos ver o lado da Rua Siqueira Campos totalmente restaurado no segundo semestre”, projeta Guilherme.

Para a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, dar seguimento à revitalização é uma forma de enaltecer a trajetória da Sefaz e de presentear não só os servidores, mas toda a população: “É um orgulho para nós poder seguir conduzindo esse trabalho de muitas mãos, o que mostra que o Estado gaúcho respeita e aplaude seu passado e seu futuro. O prédio da secretaria tem uma importância inestimável para o Centro da Capital. Tudo isso se torna ainda mais simbólico porque sabemos que esse e outros locais de trabalho conhecem a história de vida das pessoas que por eles passaram ao longo das décadas. O Casarão é a Sefaz, mas a Sefaz também é a vida de cada um que fez com que ela se tornasse o que é hoje”.

“É uma ótima forma de comemorar nosso aniversário, valorizando os servidores e trazendo qualidade de vida. Esse restauro era muito esperado por todos nós”, complementa a diretora de Administração da Sefaz, Adriana Oliveira.

A Secretaria de Obras Públicas, que também completa 134 anos em 2024, acompanha a intervenção. “Nosso trabalho tem por objetivo central agilizar as obras nos prédios públicos, de modo a qualificar as estruturas e, por consequência, a prestação de serviços. A revitalização da Sefaz mostra o compromisso do governo do Estado em preservar um prédio de grande valor histórico e arquitetônico”, afirma a titular da pasta, Izabel Matte.

 

Foco nas cores e no resgate da concepção original

Um dos pontos que mais chama a atenção é o resgate de atributos originais do conjunto arquitetônico, que pertence ao mesmo período de outras construções do Centro. Essa é uma forma de respeitar a memória da edificação, acompanhando as tendências da época.

A retirada de camadas de tintas existentes sobre as paredes mostrou que, em sua concepção, os prédios tinham tons de ocre, semelhantes ao bege e às tonalidades de terra e areia – diferentes das tintas que atualmente cobrem o Casarão. Nas colunas da fachada da Siqueira Campos, é possível ver a diferença entre as cores atuais e as cores antigas, que estão à mostra.

As técnicas construtivas daquele contexto histórico também serão retomadas. A tinta, por exemplo, será especialmente importada da Europa, para que mantenha os tons e a característica de ser à base de silicatos. A argamassa usada também é diferente, com cal hidratada. O uso de materiais compatíveis com os métodos construtivos originais permite que a estrutura, de certa forma, transpire, o que irá conferir maior durabilidade.

“Se formos olhar para o centro de Porto Alegre, o Casarão será um dos poucos que vai manter as particularidades da época, sem o uso de tinta acrílica, por exemplo”, complementa Guilherme.

Restauro está previsto para ser concluído no início de 2026

Com o tombamento da Praça da Alfândega e seu entorno, o conjunto edificado passou a ser considerado patrimônio do Estado em 1987 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). O Centro Histórico da Capital, contexto no qual a casa fazendária está inserida, também é tombado pelo instituto nacional.

A arquiteta do Iphae Ana Luisa Seixas, que acompanha a restauração, reforça a necessidade de cuidados em uma intervenção dessa magnitude para que a autenticidade e os valores da edificação sejam mantidos – até os andaimes precisam ser fixados de forma que não encostem na construção. A especialista, que considera o Casarão uma referência para a história institucional, comemora o projeto e o andamento da revitalização.

“A sede da Sefaz faz parte da leitura que temos da entrada da cidade na época, do Cais do Porto e da relação de Porto Alegre com o seu porto. O que está acontecendo não é uma simples pintura de um prédio. É um cuidado com a memória e um resgate do que foi planejado para a edificação”, detalha.

 

Histórico do Casarão

Os prédios que sediam a Sefaz são uma construção no estilo neoclássico de Theóphilo Borges de Barros e foram construídos em várias etapas ao longo dos anos. As obras do primeiro bloco, que faz frente para a Avenida Mauá, ocorreram na década de 1920. Na época, o imóvel tinha apenas dois pavimentos e um porão habitável, e abrigava a Administração do Porto. Na década seguinte, recebeu mais um andar e passou a abrigar também o Banco do Estado do Rio Grande do Sul e a Secretaria da Fazenda. Nos anos 1950, mais dois pavimentos foram adicionados.

Já o bloco da Siqueira Campos ganhou forma nos anos de 1930, tendo um porão habitável e três pavimentos e sendo ocupado pela Secretaria de Obras Públicas. Na década de 1950, recebeu mais três andares e passou a abrigar a sede do Tribunal de Justiça do Estado, o Foro Cível. Foi só na década de 1990 que a Secretaria Estadual da Fazenda passou a ocupar os dois edifícios, tornando o conjunto a sua sede.

Sefaz ocupa os prédios desde a década de 1990

Nas últimas décadas, diferentes iniciativas foram abertas para a restauração e preservação do patrimônio – nenhuma, no entanto, com a dimensão da atual intervenção. Em 2009, uma empresa vencedora assumiu um trabalho de restauro, mas concluiu somente a fachada voltada para a Avenida Mauá. A responsável encontrou problemas de orçamento e usou técnicas construtivas inadequadas, o que levou à rescisão do contrato em 2013.

Em 2014, a Sefaz fez um contrato emergencial para a reforma da rampa de acesso. Dois anos depois, em 2016, foi necessária nova contratação para corrigir o desprendimento de uma série de caliças de uma das fachadas, problema que gerava risco para os pedestres. O mesmo trabalho voltou a ser feito em 2019, contemplando todos os lados do conjunto.

 

Texto: Bibiana Dihl/Ascom Sefaz

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